Era bonita. Tinha a pele
alva, apenas algumas sardas marcavam a pele próxima ao nariz. Os cabelos eram
tingidos de um ruivo acobreado vibrante. Aos olhos de todos, tinha uma família
linda, um bom emprego, um marido atencioso e filhos perfeitos. Sorriso fácil,
olhar tímido e um jeito meigo que ao primeiro momento encantava quem a
conhecia. Era divertida e inteligente, capaz de dominar o mundo, se assim o
quisesse.
Havia perdido os amigos
há muito tempo. Nunca soube se os teve na verdade, ou se eles se afastaram após
conhecê-la melhor. Era uma menina meiga, mas instável. Capaz de mudar do mais
pacífico anjo para o mais terrível demônio com a menor fagulha do que julgasse
ser ofensivo para sua mente confusa.
Críticas. Fofocas.
Pensamentos mórbidos. Lembranças ruins. Paranoia. Confusão. Sangue.
“É pra chamar a atenção.”
“É puro drama.”
“É doente.”
“É o ‘inimigo’ atacando.”
As pessoas a julgavam sem
de fato a conhecerem. As pessoas ouviam os relatos das coisas que ela fazia
horrorizadas. As pessoas lhe viravam as costas e queriam manter distância dela.
Ela sofria, e fazia as
pessoas sofrerem. Ela não entendia porque as pessoas sempre se afastavam. Ela
só queria que alguém a visse por trás da fachada. Ela só queria que alguém lhe
entendesse.
Morreu sozinha, aos 21
anos, em um quarto de hotel com um lençol amarrado no pescoço.
Ela só precisava de
ajuda.
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